Quatro Por Quatro: uma história de vingança (ou de gente maluca)
No ano passado, quando eu assinei o Globoplay, eu me designei uma missão: assistir todas as novelas do Carlos Lombardi. Comecei com Vereda Tropical (uma grata surpresa) e em seguida O Quinto Dos Infernos (uma amarga decepção), mas já estava chegando à plataforma o meu próximo desafio: Quatro Por Quatro.
Os bastidores
Quatro Por Quatro foi a primeira novela que eu lembro de assistir assiduamente quando criança, mesmo não tendo muita memória guardada dela porque eu era bem pequeno mesmo. Depois, no final da adolescência, eu cheguei a ver um pouco da reprise no Viva e deu para matar saudades, mas não pude acompanhar muito.
Assistir Quatro Por Quatro agora, como um adulto, obviamente seria uma experiência muito diferente. E confesso que no começo foi até um choque perceber os defeitos que antigamente me passariam despercebidos. A novela é mal-estruturada, um tanto repetitiva, personagens somem e reaparecem… será que minha vida foi uma mentira? Carlos Lombardi era uma farsa? Eu me apaixonei pela novela errada?
Não exatamente. Muitos dos problemas visíveis em Quatro Por Quatro podem ser explicados pelos seus bastidores. A substituta original de A Viagem não saiu do papel e a Globo precisava de uma novela de fácil produção para tapar o buraco na programação. Lombardi, que preparava Vira Lata, teve de criar uma sinopse às pressas.
Quando estreou, a novela contava com apenas 17 capítulos escritos. E seguiu atrasada até o seu fim. Ainda assim, Quatro Por Quatro fez um sucesso avassalador, e por ser uma produção barata (a imprensa noticiou na época que era a novela mais barata que a Globo já havia feito) e episódica, a emissora não teve pudor em esticá-la e esticá-la até não poder mais, fazendo com que a novela que originalmente teria 160 capítulos terminasse com 233!
Os primeiros esticamentos foram até benéficos para a novela porque o Lombardi pôde desenvolver vários plots que morreriam na praia caso a novela se encerrasse com 160 capítulos. Mas depois de 200 capítulos, a história inevitavelmente mostrava esgotamento.
O ritmo das gravações era tão intenso que personagens somem por dias porque o ator ficou com estafa (ou gripe, ou pneumonia, ou depressão… foi uma lista de atestados) e o autor tinha de reescrever os capítulos. E por várias vezes, essa bagunça dos bastidores transparece na novela. É admirável como o Lombardi conseguiu manter o bom ritmo em meio a tantos imprevistos. Quatro Por Quatro até se repete, mas não fica tediosa ou parada.
A novela
Quem assistiu Uga Uga e Kubanacan sabe que o forte do Lombardi são comédias de ação bem escrachadas, então chega a ser uma surpresa que Quatro Por Quatro segue por uma linha um tanto diferente.
Justamente por suas limitações de produção, Quatro é uma comédia centrada em diálogos. Os poucos momentos de ação são os inúmeros assaltos que Bruno ou Raí impedem ao longo da novela, geralmente sem qualquer consequência no enredo.
A premissa de Quatro Por Quatro pode ser resumida em poucas palavras: quatro mulheres de diferentes classes sociais tramam uma vingança contra seus quatro ex-parceiros. Mas a verdade é que essa vingança não é tão importante assim…
Mais especificamente no segundo mês de novela, a trama da vingança passa para o segundo plano e o protagonismo é transferido para Bruno (Humberto Martins). Imagino que, como o Lombardi já havia abordado o tema em outras obras, era mais fácil desenvolvê-la enquanto lidava com os imprevistos das gravações. Chega ao ponto em que as quatro vingadoras viram meras comentaristas dos problemas do Bruno.
Mesmo depois, o plot da vingança não é exatamente o foco narrativo, funcionando mais como um mero pretexto para colocar esses personagens uns nas vidas dos outros. A novela passa a adotar uma linha episódica, com dilemas que se iniciam e se encerram em pouco tempo, o que deixa mais fácil para ela ser esticada.
Outra coisa que diferencia Quatro Por Quatro das demais é a direção (menos frenética que as outras do Lombardi). A novela é dirigida por Ricardo Waddington e é a última dele antes da parceria com Manoel Carlos, que começa em História de Amor e termina em Mulheres Apaixonadas. Ou seja, Quatro Por Quatro está imediatamente antes da fase que é considerada o auge criativo de Waddington e não deixa nada a desejar às do Maneco.
Eu sempre ficava maravilhado com o jogo de luzes nas cenas noturnas, mas o ápice foi a sequência de Raí (Marcello Novaes) e Babalu (Letícia Spiller) após o fim do seu noivado, um bloco inteiro dos dois sofrendo ao som de “Take a Toke” sem diálogo algum. Definitivamente, a direção foi um dos maiores trunfos de Quatro Por Quatro.
Quanto à história, eu resolvi avaliá-la a partir de cada personagem principal:
Abigail
Abigail (ou Bibi) é a primeira personagem da longa parceria entre Betty Lago e Carlos Lombardi e já nas primeiras cenas fica nítido o porquê o autor fazia questão de ter a atriz em todas as suas novelas seguintes.
Betty Lago domina o texto do Lombardi como ninguém. Os diálogos já ágeis do autor ganham ainda mais agilidade na boca da atriz, que faz parecer que as mil palavras ditas por ela estão saindo da sua própria cabeça no momento em que grava.
Mas melhor ainda que sua Abigail é a sua Calpúrnia, a irmã de Alcebíades que serve como a identidade de Abigail no plano de vingança. Um tipo completamente oposto à perua Bibi, Calpúrnia é uma mamma italiana extremamente caricata, o que permitiu que Betty Lago mostrasse toda sua versatilidade cômica em cenas hilárias ao lado de Tato Gabus Mendes e Lizandra Souto, que também atingiram seu auge na novela com esse plot.
Se há alguma crítica a ser feita é que, diferente das outras, Abigail não muda muito ao longo da trama. Mas isso nem incomoda. A função de Bibi na novela é entrar em cena, dar o seu show e encantar o público. Função essa que ela cumpre com maestria.
Babalu
Falou em Quatro Por Quatro, falou em Babalu e Raí.
Esses foram os personagens que fizeram de Quatro Por Quatro um fenômeno e os personagens que são lembrados até hoje como referência de casal com química. Não à toa, são os dois que estampam a capa da novela no Globoplay. Confesso que eu já estava pronto para problematizar o casal, mas me surpreendi. A história dos dois envelheceu muito bem.
O casal se separam já no começo da novela, então, para construir a relação dos dois, a novela usa de várias cenas de flashback, uma mais romântica do que a outra. Naturalmente, o espectador fica apaixonado junto e torcendo pelo casal.
Depois de ser flagrado com outra mulher na cama, o Raí passa boa parte da novela sem se envolver com mulher nenhuma, apenas tentando reconquistar a Babalu. Isso realmente me surpreendeu.
Só depois do primeiro esticamento é que o Lombardi usa o recurso do mulherengo inveterado para criar esquetes cômicas até o fim da novela, mas sem abrir mão do lado ingênuo do personagem.
Se a história deles acabasse por volta do capítulo 160, como estava previsto, a nota seria 10/10. Os dois tinham resolvido todas as suas questões àquela altura e se mostravam mais maduros. Mas os esticamentos prejudicaram esse andamento, situações estapafúrdias aparecem para mantê-los separados, em geral por decisão da Babalu. Até os últimos momentos, a Babalu parece procurar motivos para rejeitar o Raí.
Ao final, não dá para ter muita esperança que os dois vão ter um casamento estável no futuro, já que eles se resolvem de última hora sem grandes mudanças de comportamento. Mas sendo Babalu e Raí, eu aceito passar um pano.
Auxiliadora
No papel, Auxiliadora (Elizabeth Savalla) é a personagem de maior potencial dramático: uma dona de casa pacata que dedicou a vida inteira à família, ajudou o marido a crescer nos negócios, e de repente é trocada por uma mulher mais nova e ainda perde todos os seus bens.
Muito ou pouco, as outras três vingadoras tinham uma certa independência. Auxi perde tudo o que tinha da sua antiga vida: marido, casa e até o apoio da própria filha. Ela é quem tem os maiores motivos para se vingar e ao mesmo tempo a que mais resiste à ideia.
E no início, eu diria até que Auxiliadora era minha favorita. O Lombardi parecia determinado a entregar as melhores frases do roteiro para a Savalla e as cenas dela com o Alcebíades (Tato Gabus Mendes) eram um show de atuação. Além disso, no início os dilemas internos das personagens são mais verbalizados e os da Auxi eram os mais interessantes.
Mas a personagem era um tipo “comum” em meio a tantas figuras excêntricas, consequentemente começou a perder destaque e Elizabeth Savalla estava insatisfeita. Uma suposta desavença entre ela e Betty Lago pode ter sido o estopim para a atriz desaminar de vez.
Elizabeth Savalla se afasta da novela em dois momentos. O primeiro é quando Auxiliadora (como a Condessa Carmem de Almodóvar) se apaixona por Gustavo e trai as amigas, sabotando o plano de vingança. É nesse momento em que a trama de vingança ganha força narrativa e então a Auxiliadora… some.
Sim, no auge do conflito entre as quatro vingadoras, Elizabeth Savalla sai de cena. Ela reaparece em um novo núcleo, interagindo apenas com Neusa Borges e Tony Tornado numa favela. Quando Savalla de fato volta à novela, toda a tensão da traição de Auxiliadora já esfriou e é resolvida em poucos capítulos.
A outra saída acontece nos últimos meses da novela. Dessa vez, Auxi e Paula viajam para o exterior a fim de se reaproximarem como mãe e filha. Essa saída é menos crucial porque a história da Auxi já havia se esgotado, mas é uma demonstração do quanto a personagem perdeu protagonismo.
O ponto positivo é que Auxiliadora é a personagem que mais mudou ao longo da trama e, ao final, está bem diferente do que quando começou.
Tatiana
Se a Auxiliadora perdeu protagonismo, a coitada da Tatiana (Cristiana Oliveira) nunca teve.
A verdade é que o problema da Tatiana começa na estrutura da novela. Enquanto Abigail e Babalu possuem dois universos orbitando ao redor delas, Auxiliadora tem um núcleo minúsculo e a Tatiana… a Tatiana simplesmente não tem núcleo!
A personagem não tem pais, trabalho, amigos, parentes, nada! Até existe uma melhor amiga no começo, mas a mulher some já nos primeiros capítulos.
Assim, quando Tatiana começa a namorar o Bruno, todos os conflitos dela na novela giram em torno do Bruno. E são os conflitos mais banais possíveis: a filha dele não gosta dela (e depois essa rivalidade é completamente esquecida); ela esconde uma gravidez dele por um motivo bobo; ela quer desistir do relacionamento por causa da Suzana… enfim, a coitada não rendia nada por conta própria. O melhor da Tatiana só surge quando ela cria a Maria dos Dores para a vingança da Babalu e assim consegue “existir” na novela longe do Bruno (mas ainda no núcleo dos outros).
Mas e a vingança dela? Pois bem, o alvo da vingança da Tatiana é o Fortunato (Diogo Vilela) que, diferente dos outros, não era um homem tóxico, apenas um pobretão irresponsável. Mas por algum motivo, o Fortunato desaparece da novela sem explicação alguma por longos períodos, sendo um desses logo no começo da novela!
Quando Fortunato reaparece, a Tatiana já está tão envolvida com Bruno que é difícil de acreditar que ela se importa com Fortunato o suficiente para querer se vingar dele. Lombardi até enfia uma explicação de que Fortunato virou uma espécie de “stalker” da Tatiana, mas o público só vê isso acontecendo por uns dois ou três capítulos e Fortunato mal interage com a ex depois disso.
O pior é que havia uma solução simples e lógica nisso tudo: investir num triângulo amoroso Bruno-Tatiana-Fortunato. Desse jeito, a Tatiana estaria no centro de ao menos um conflito e o Fortunato teria alguma relevância. Mas não, Lombardi deixou Fortunato como figurante de luxo e optou pelo triângulo Tatiana-Bruno-Suzana, dando mais protagonismo ao nosso quinto protagonista…
Bruno
Sim, Bruno é tão ou mais protagonista de Quatro Por Quatro do que qualquer uma das quatro vingadoras. É o típico anti-herói da obra lombardiana e protagoniza uma trama recorrente nas novelas do Lombardi: a disputa da guarda de uma criança.
Quando a sua mulher morreu no parto, Bruno se isolou no Amazonas, se afastando de todas as pessoas de sua vida, inclusive da filha Ângela (Tatyane Goulart), que foi criada pelos tios Gustavo e Abigail. Dez anos depois, ele volta disposto a conquistar o amor da filha, confrontando Gustavo.
Como eu disse antes, esse enredo se torna o eixo central da novela por volta do seu segundo mês. Aos poucos o drama de Bruno vai deixando de ser a trama principal, mas continua tendo bastante importância e guiando boa parte da novela, afinal é o enredo mais folhetinesco de Quatro Por Quatro e Lombardi sabe conduzi-lo muito bem, usando a relação entre pai e filha para trazer mais sensibilidade à novela.
O problema são os vilões. Gustavo supostamente ama Ângela tanto quanto Bruno e o conflito está justamente na garota ter de escolher entre os dois. O problema é que Gustavo é um homem frio com todo mundo, com a esposa, com o filho, com a avó… e inclusive com a própria Ângela!
A gente não vê momentos de carinho genuíno entre ele e a menina. Pelo contrário, ele arma planos que prejudicam o Bruno sem se importar que alguns desses planos façam a Ângela se sentir triste e rejeitada. Isso enfraquece o dilema da disputa de guarda. É um conflito que pedia um vilão mais humanizado. E a novela sabe disso, porque a todo momento é dito que Gustavo realmente ama a filha adotiva, mas narrativamente o que se tem é um típico vilão sem escrúpulos.
Já a misteriosa Suzana (Helena Ranaldi) seria uma ótima vilã de alguma temporada antiga de Power Rangers, mas deixa a desejar para uma novela. Não por conta da Ranaldi, que soube entregar uma boa atuação de uma doida psicopata, mas por um erro do autor ao construir a personagem.
Ela sofre do problema da Tatiana elevado ao extremo: não tem passado, não tem família, não tem trabalho, a mulher não tem nem mesmo uma casa! Sua única posse parece ser o carro que ela vive dirigindo para ir de um lado para o outro causar caos entre os núcleos e aparentemente também lhe serve de moradia (sério, tem uma cena dela dormindo no carro de madrugada).
Mesmo as vilãs mais cartunescas de Walcyr Carrasco e Aguinaldo Silva têm parentes ou amigos que servem como vítimas ou cúmplices de suas maldades. São personagens que giram ao redor da vilã e dão ao público a chance de conhecê-la longe da presença dos protagonistas. Suzana não tem uma vida fora perseguir o Bruno e TODOS os personagens da novela parecem saber que a Suzana é a vilã da história, então o que ela tem a perder? Ela nunca poderia ser desmascarada porque ela sequer tem uma máscara.
A vibe “vilã de desenho animado” é levada ao máximo quando Suzana começa a criar planos mirabolantes para matar Ângela, fazendo com que cada capítulo pareça mais um episódio do desenho Os Perigos de Penélope Charmosa...
Clarice e Pedrão
Não é núcleo principal, mas eu precisava separar uma seção exclusiva para o meu maior martírio nos últimos meses: o casal Pedrão e Clarice.
Clarice (Françoise Forton) é praticamente duas personagens distintas. Antes do Pedrão aparecer, a personalidade da Clarice é de um típico “parça”. Descolada, bem-humorada e até mesmo misógina, ela cumpre a função de orelha do Bruno, escutando o que ele pensa e ajudando na reaproximação do médico com a filha Ângela.
Quando Pedrão (Rômulo Arantes) enfim aparece, a personagem muda do dia para a noite. Passa a ser resmungona e paranoica, frustrada com a vida simples que leva e criticando constantemente o jeito do marido, jeito esse que — vá entender — é quase idêntico ao de seu amigo Bruno, com quem ele se dá tão bem.
Ao que parece, a ideia do Lombardi era mostrar um relacionamento abusivo em que a mulher que maltrata o homem. Ele só esqueceu que, numa relação assim, a vítima não tem consciência do abuso que está sofrendo e costuma justificar as agressões verbais do parceiro.
O Pedrão SABE que está sendo maltratado e rebate as críticas da Clarice todas as vezes, mas ao invés de se resolver com a esposa ou se separar dela, ele prefere comentar pelos quatro cantos o quanto a esposa é má com ele e até mesmo cogita trocá-la pela Babalu, sem tomar qualquer atitude de fato.
Qualquer simpatia por Pedrão se torna impossível depois que ele protagoniza a pior cena de Quatro Por Quatro: durante uma discussão, Pedrão perde a paciência e estupra Clarice! E essa cena não é problematizada, ela é mostrada como um acontecimento normal da vida de um casal. Uma bola fora da novela, até mesmo para o contexto da época.
Esse núcleo é um buraco negro em que todo personagem que chegue perto fica insuportável, até a Abigail vira uma chata quando se envolve nos assuntos dos dois. Talvez a trama funcionasse se a abordagem fosse a de uma relação mutualmente tóxica, mas a novela quer nos convencer que Clarice é a única responsável pelo casamento ruim, sem que os erros do Pedrão tenham o mesmo peso. A traição dela com Gustavo e a recusa dele em se envolver com Paula servem para reforçar essa narrativa de vez, mas não funciona.
No último capítulo, eu nem consegui entender se Pedrão terminou a história com a Clarice, com a Sílvia ou com as duas. E sinceramente não me importo, núcleo ruim do começo ao fim.
Outros personagens
Elizabeth (Bianca Byington) e Vinícius (Leonardo Vieira) foram dois dos personagens mais irritantes da novela. Um dos muitos casais que seguiam a dinâmica “gato e rato” na novela e o que menos funcionou. Assim que se casaram — e o público soube da verdadeira índole de Vinícius, o que poderia ser um momento de virada — os dois perderam destaque e viraram figurantes. Por mim tudo bem.
Ralado (Marcelo Farias) e Danilo (Marcelo Serrado) seriam facilmente cancelados nos dias de hoje, já que todo o humor deles é basicamente assédio. Mas no geral, os atores se destacaram na novela e tiveram bons momentos.
Duda (Luana Piovani) foi uma de minhas favoritas. Não pela enrolação eterna de seu relacionamento com Ralado, mas por poder ver a evolução de Luana Piovani ao longo dos capítulos. Além disso, Duda protagonizou uma das minhas tramas favoritas durante a barriga da novela: a saga de sua perda da virgindade, que serviu como crítica à abordagem romantizada e moralista que outras novelas faziam (e algumas continuam fazendo). É o momento mais genuinamente feminista de Quatro Por Quatro.
Outros personagens tinham pouca função, mas brilhavam quando surgiam em tela. Eu queria ter visto muito mais do Seu Santinho (Jorge Dória), de longe o mais engraçado do elenco; da Denise, interpretada por uma Drica Moraes que de alguma forma conseguiu tirar leite de pedra de uma personagem minúscula; e da Teresa (Neusa Borges), que estava prevista para ser uma participação de poucos capítulos e acabou chegando até o final.
Veredito
Quatro Por Quatro está longe de ser perfeita e se beneficiaria de uns meses a menos. Mas, de alguma forma, a novela te cativa pela própria imperfeição e, depois de um tempo, eu me divertia tanto com seus defeitos quanto com suas qualidades. Alguns personagens não funcionaram, mas os que deram certo transbordaram carisma.
E carisma foi o que transformou Quatro Por Quatro em um sucesso avassalador. As tramas não são tão fortes, então o seu entretenimento vai depender se você gosta ou não dos personagens. Para mim, ver Babalu torturando psicologicamente o Raí por 233 capítulos era garantia de abrir um sorriso todas as noites. Uma delícia de novela.